quinta-feira, 1 de maio de 2008

O CÉLEBRE DIÁLOGO ENTRE KRISHNA E O GUERREIRO ARJUNA


Tendo emanado diretamente da boca de Sri Krishna, a maior autoridade em conhecimento, a Bhagavad-gita tem sido estudada há cinco mil anos por toda classe de filósofos e sábios. Através dos seus setecentos versos, iremos compreender que, muito mais do que simples ginásticas executadas por poucos, o Yoga é um estado de consciência superior que todos podem alcançar.
O texto da Bhagavad-gita é originalmente encontrado no épico indiano Mahabhárata e narra o famoso diálogo ocorrido há cinco mil anos entre Krishna e Arjuna, minutos antes de uma batalha devastadora. Dhritarastra era o irmão mais velho de Pandu e, como havia nascido cego, não pôde herdar o trono do seu falecido pai; assim, o virtuoso Pandu tornou-se o imperador do mundo. Pelos desígnios misteriosos do destino, o bondoso Pandu teve uma morte prematura, quando seus cinco filhos, conhecidos como Pândavas, ainda não tinham idade suficiente para herdar o trono. Por isso, enquanto esperavam o momento ideal para assumir o reinado, os Pândavas tiveram que crescer sob os cuidados do tio Dhritarastra, que, temporariamente, teve de assumir o comando do império.
Os filhos de Dhritarastra eram conhecidos como Kurus, e o mais velho dele, o invejoso Duryodhana, era a própria personificação da desavença. À medida que os Pândavas cresciam, suas naturezas divinas e suas qualidades reais os acompanhavam e eles se tornavam cada vez mais amados pelo povo de Hastinapura. Mas infelizmente, seus primos, os Kurus, nutriam grande inveja por eles e não conseguiam aceitar a idéia de, em breve, vê-los assumir o trono então ocupado por seu pai. Indo contra o Dharma (as leis divinas) e sob a influência da luxúria, cobiça e ira, os Kurus arquitetaram todo tipo de planos diabólicos para impedir que seus bondosos primos chegassem ao trono. Diante dessa situação insustentável, uma grande batalha entre os primos se tornou inevitável, e todos os guerreiros do mundo tiveram que se dividir em dois grandes grupos. Enquanto um grupo de guerreiros apoiava o exército dos divinos Pândavas, sob comando do grande general-devoto-guerreiro Arjuna, outro grupo dava apoio aos malévolos Kurus, os cobiçosos filhos do cego Dhritarastra, comandados pelo malvado Duryodhana.



Naquele momento histórico, o próprio Senhor Krishna estava vivendo na Terra e atuava como amigo do poderoso guerreiro Arjuna. Ao perceber que a batalha se tornara inevitável, Krishna decide guiar o guerreiro divino na luta contra o mal e, para cumprir Sua promessa de dar proteção às pessoas de natureza piedosa, Se oferece para conduzir a carruagem de Seu amigo Arjuna. Como sabia que este encontraria grandes dificuldades de controlar sua mente e sentidos e, devido à fraqueza do coração, manifestaria o desejo de abandonar o seu dever, o Senhor Krishna quis acompanhar Arjuna iluminando-o com o conhecimento transcendental e o fortalecendo com a determinação necessária para solucionar os seus problemas.
Ao estudarmos o Capítulo Um da Bhagavad-gita, constataremos que, num momento de completo desespero, quando Arjuna mistura sentimentos de medo e covardia com suas qualidades de compaixão e bondade, o guerreiro acaba abandonando seu arco e flechas e, derrotado pela fraqueza, quer desistir da luta. Entretanto, ao ser repreendido pelo Senhor Krishna, Arjuna reconhece seu erro; mas, sentindo-se incapaz de, sozinho, superar as dificuldades, pede auxílio ao Senhor Krishna e se apresenta como um discípulo obediente. Nesse importante momento, o Senhor Krishna inicia Suas instruções não somente a Arjuna, mas a todos aqueles que, ao interagirem com o mundo material, vivem experimentando constantes fraquezas e perplexidades materiais.
Logo que assume a posição de mestre espiritual de Arjuna, o Senhor Krishna vai direto ao assunto e detecta a causa original de todo o sofrimento do guerreiro: o esquecimento da natureza espiritual do eu e a identificação excessiva com o ego material que, combinados, levam a pessoa ao falso conceito corpóreo da vida. Na realidade, não apenas Arjuna, mas praticamente todo ser vivo está sob o jugo da energia ilusória material (Maya), ignorando que sua verdadeira natureza eterna é espiritual, diferente do corpo material temporário. Ao induzir o ser vivo a acreditar que possui uma existência separada do Senhor, Maya cria nele um sentimento falso de independência, impelindo-o a agir de modo a acarretar diferentes espécies de sofrimentos e ansiedades materiais.




O Desejo de Controlar

Como veremos nos ensinamentos posteriores, a Gita nos revela que o ser vivo é uma infinitesimal parte integrante de Deus, assim como uma partícula de ouro de uma barra de ouro infinita ou uma gota d'água do oceano ilimitado. É evidente que, embora possua individualmente a mesma qualidade de uma grande barra de ouro, uma minúscula partícula de ouro é quantitativamente diferente, assim como uma simples gota d'água é quantitativamente diferente do imensurável oceano. Analogamente, os seres vivos são partes integrantes do Supremo Controlador e possuem, em quantidade infinitesimal, todas as qualidades encontradas nEle. Isto significa que, uma vez que a qualidade de controlar existe no Supremo, todo ser vivo é também um controlador diminuto e possui a tendência de controlar a natureza material. Por exemplo, ao ver sua mãe cozinhar, a criança tem a tendência de imitá-la. No entanto, a criança nem sequer consegue alcançar o fogão, isto para não falar da sua incapacidade de lidar apropriadamente com o fogo. Então, para satisfazer a tendência de a criança cozinhar, a mãe lhe presenteia com um pequenino fogão de brinquedo e a mantém ocupada de brincar de fazer comida. Do mesmo modo, não sendo consciente de sua posição insignificante, o ser vivo tende a imitar as atividades do Controlador Absoluto e, desse modo, deseja ocupar a posição de Supremo Controlador. Por esse motivo, o Supremo cria este mundo material, onde encaminha os seres vivos que desejam imitar Suas atividades de Supremo Controlador. Então, sob as garras de Maya, a energia material ilusória, o ser vivo assume uma identidade material temporária chamada de ego-falso.
Na realidade, esta identidade falsa é obtida pelo ser vivo para que ele se sinta um importante controlador e, em sua ilusão, consiga satisfazer o seu desejo infantil. Em outras palavras, este mundo material não passa de um brinquedo criado pelo Senhor, onde, através de diferentes brincadeiras (diferentes vidas), o ser vivo tem a oportunidade de se sentir um poderoso controlador e de “satisfazer” sua aspiração de tornar-se Deus.



Como, por exemplo, um cientista, o ser vivo desenvolve grande conhecimento, conseguindo explorar e controlar diferentes aspectos da energia material. Como um político bem-sucedido, ele assume uma posição de grande influência e poder, conseguindo controlar diferentes pessoas e situações. Como um grande empresário, o ser vivo acumula grande soma de riquezas e é capaz de controlar o mercado econômico. Como um artista habilidoso, ele obtém grande fama e atrai a atenção das grandes massas de pessoas. E assim por diante. Não só agora, mas em todas as épocas, podemos observar que o ser vivo está sempre tentando exercer controle - seja sobre as coisas insignificantes, seja sobre o espaço infinito com seus inumeráveis planetas. Isso, porque o ser vivo possui, de forma diminuta, esta mesma tendência. Entretanto, é preciso saber que, apesar de nossa tendência de assenhorearmo-nos da natureza material, nunca nos tornaremos o Controlador Supremo. Ou seja, o Controlador Absoluto é o Senhor Supremo. Ele é o Controlador não só da natureza material, mas também de todos os seres vivos e de tudo o que é manifesto e não-manifesto. Ninguém ou nada pode atuar independentemente, visto que tudo acontece sob a direção direta ou indireta do Senhor.
Certamente, por trás dos diferentes fenômenos maravilhosos que ocorrem na natureza cósmica, há o Controlador Supremo. Uma criança tola, por exemplo, pode acreditar que um veículo é capaz de se locomover sem a ajuda de um animal ou de um motor. Mas, um homem adulto sabe da existência da engenharia mecânica de um automóvel e compreende, ainda, que, por trás da máquina, há um homem, um motorista. De modo semelhante, a Gita explica que o Senhor é o motorista Supremo e é sob Sua direção que tudo funciona.



A Posição Transcendental do Senhor

A natureza material é também considerada uma energia do Senhor – porém, de qualidade inferior, enquanto o ser vivo é tido como uma energia de qualidade superior. De qualquer modo, ambas energias estão sob o total controle do Senhor Supremo. A natureza material é constituída de três qualidades: bondade, paixão e ignorância e, sob a influência destas três qualidades, o ser vivo executa um sem fim de atividades, piedosas ou impiedosas. Além disso, existe o tempo eterno que, combinado com os três modos da natureza, impulsiona o ser vivo a executar suas atividades tecnicamente conhecidas como Karma. A execução de tais atividades materiais é comparada ao semear de um campo e, como existem desde o início do envolvimento do ser vivo com este mundo, são praticamente ilimitadas. É devido unicamente à frutificação da semente do Karma que uma pessoa se depara com os sofrimentos ou desfrutes, que nada mais são do que os frutos de suas atividades kármicas passadas.
É sob o controle do tempo que esta manifestação material pode acontecer e, depois de permanecer por um período específico, sob sucessivos intervalos, deixar de se manifestar... voltar ao estado imanifesto. No entanto, este ciclo ocorre eternamente. A natureza material também é eterna; mas, para satisfazer os diferentes desejos do ser vivo, manifesta diferentes formas temporárias e ilusórias. Na Gita, aprendemos que esta natureza material é a energia separada do Senhor, enquanto os seres vivos são Sua energia superior, eternamente relacionada com Ele. Na realidade, o Senhor, o ser vivo, a natureza material e o tempo estão todos inter-relacionados – e são eternos. Somente as atividades materiais kármicas são temporárias. Isto significa que, mesmo que os efeitos do Karma sejam bem antigos, podemos nos livrar deles caso aceitemos o conhecimento apresentado pelo Senhor na Bhagavad-gita e passemos a executar atividades espirituais com consciência de Deus.
Em Sua posição transcendental, o Senhor Supremo é a consciência suprema e, como partes integrantes do Senhor, os seres vivos também são conscientes, mas de maneira parcial. Embora tanto a natureza material quanto o ser vivo sejam energia do Senhor, somente o ser vivo é consciente. Porque não possui consciência própria, a energia material é considerada inferior. Embora o ser vivo seja uma energia superior do Senhor, “à Sua imagem e semelhança”, ainda assim ele é consciência infinitesimal, enquanto o Senhor é consciência infinita. Isto mostra que o argumento de que o ser vivo pode se tornar Deus tornando-se supremamente consciente é falso, sem fundamento e não encontra apoio nos versos da Bhagavad-gita.
A distinção entre o ser vivo e o Senhor, assim como a subordinação eterna do ser vivo ao Senhor, é claramente apresentada em toda a Bhagavad-gita. Enquanto o ser vivo é consciente apenas do seu corpo em particular, o Senhor é plenamente consciente dos corpos de todos os seres, pois reside dentro de todos como a Superalma. Como vive no coração de cada ser vivo, Ele é consciente não apenas das atividades grosseiras dos diferentes seres, mas também de todos os sentimentos, pensamentos e desejos deles e, sendo a Alma de todas as almas, Ele dá instruções internas para que todos satisfaçam corretamente seus anseios materiais e, finalmente, no momento certo, se voltem para Ele.
Outra grande diferença entre o ser vivo e o Senhor é que a consciência do ser vivo pode ficar encoberta por circunstâncias materiais, assim como uma luz refletida através de um vidro colorido alterará sua natureza e mudará de coloração. Mas a consciência do Senhor não é afetada materialmente sob nenhuma hipótese. Num dia nublado, um mero observador acredita que o Sol esteja coberto pelas nuvens, mas, na realidade, é a visão do observador que está coberta por nuvens.



O Sol é muito poderoso e imensurável – e não é possível que uma simples nuvem o cubra. Em outras palavras: o Sol é o pai das nuvens (que nada mais são do que a água evaporada por ele) e, por isso, nunca estará sob o controle delas; do mesmo modo, o Senhor é o pai da natureza material e Ele nunca se afetará por Sua simples criação. Portanto, quando vem a este mundo, o Senhor Krishna o faz a seu bel-prazer, e Sua consciência absoluta nunca é afetada materialmente. Assim, nada pode impedir que o Senhor transmita imaculadamente os assuntos transcendentais da Bhagavad-gita.
A Gita também nos ensina que, enquanto estivermos neste mundo, nunca seremos capazes de parar com todas as nossas atividades e, por isso, devemos purificá-las, ajustando-as ao desejo do Senhor. Isto é chamado de Bhakti-Yoga, o processo de agir visando à satisfação do Senhor. Esta é a qualidade original da alma pura em completa consciência de Deus, consciência de Krishna. Portanto, devemos purificar nossa consciência, removendo dela as contaminações materiais, para que, em consciência pura, consigamos ajustar nossas ações à vontade do Supremo. Somente assim experimentaremos verdadeira felicidade.



Uma Jornada de Autoconhecimento

Sentindo-se atraído pelo brilho ilusório da natureza material, o ser vivo acaba mergulhando no mundo material, cercado de grandes perigos. Ao ter entrado em contato com o mundo material, o ser vivo, originalmente puro, acaba se condicionando à sua atmosfera inferior e esquece a verdadeira consciência superior, iniciando uma árdua luta pela existência – luta marcada por sucessivos nascimentos e mortes. Estando, portanto, sob a influência da energia ilusória, o ser vivo permanece atado às reações de suas atividades e é forçado, pelas leis da natureza, a divagar entre diferentes espécies de vida. Certas vezes, ele é promovido aos planetas celestiais superiores onde, devido ao bom Karma material alcançado, recebe um corpo elevado de semideus e consegue desfrutar delícias celestiais. Entretanto, ao esgotar seu bom Karma, o ser vivo volta aos planetas intermediários terrestres e obtém novamente um corpo humano, onde se encontra com as freqüentes dualidades do bem e do mal, do prazer e da dor, etc. No entanto, caso desvalorize a preciosa forma humana de vida, ele pode acabar se envolvendo com atividades nefastas e ser transferido para os planetas inferiores, onde nasce em corpos indesejáveis e sofre condições profundamente miseráveis.
Embora seja originalmente de energia superior eterna, o interesse que o ser vivo despertou em explorar a natureza material, tentando dominá-la e desfrutá-la, força-o a habitar diferentes corpos constituídos de energia material inferior. Isto o faz sujeito à influência do implacável fator “tempo”, que, por sua vez, destrói todos os planos materiais, vida após vida.




Com o passar do tempo, o sofrimento acumulado de muitas vidas materiais causa uma profunda insatisfação, levando o ser vivo a finalmente recuperar seu interesse pela vida espiritual. Então, ele começa a indagar seriamente sobre a verdadeira meta da vida, sobre sua verdadeira existência – e volta a atenção para o conhecimento espiritual. Neste momento auspicioso, quando o ser vivo inicia sua jornada pelo autoconhecimento, a filosofia da Bhagavad-gita assume um papel de vital importância, pois é especialmente destinada à pessoa que deseja livrar-se das garras da existência material e decide recuperar sua condição de vida eterna e plena de felicidade. Visto que, especialmente nessa era, as pessoas não são tão competentes para compreender a imensidão dos textos védicos, além do que os hábitos irregulares reduziram a duração das suas vidas, o bondoso sábio Vyasadeva registrou a Bhagavad-gita na forma de literatura, onde encontramos a própria divindade Sri Krishna resumindo em setecentos versos a essência de todo o conhecimento védico.
Com isto, as gerações atuais e futuras podem receber a mensagem transcendental da Gita originalmente narrada pelo Senhor ao guerreiro Arjuna que, por representar o papel de uma pessoa absorta em sofrimento material, formula perguntas relevantes sobre os problemas que todos têm de enfrentar na vida. Assim, através deste sublime diálogo, o Mestre Supremo, o Senhor Sri Krishna, convida todas as almas sinceras a trilharem o caminho da liberação: o caminho de volta ao lar.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

JAGANNATHA , BALADEVA E SUBHADRA


O ÊXTASE MAXIMO DO SENHOR

De acordo com o Skanda Purana, o Jyeshtha-purnima, o dia de lua cheia do mês de maio-junho, é o aniversário do Senhor Jagannatha. Jagannatha é Krsna, mas o aniversário de Krsna é o Janmastami, no mês de Bhadra (agosto-setembro). Esta aparente contradição é solucionada se entendermos que o Jyeshtha-purnima é o momento quando Krsna aparece na forma do Senhor Jagannatha com grandes olhos dilatados e membros reduzidos. Essa forma é conhecida como mahabhava-prakasha, a forma extática de Krsna. Mahabhava significa “o êxtase máximo”, e prakasha significa “manifestação”, assim o Senhor Jagannatha é literalmente a forma do Senhor em êxtase.O poema Mahabhava Prakasha de um poeta da Orissa chamado Kanai Khuntia descreve o significado confidencial por trás da forma de Jagannatha: Ele é a corporificação do sentimento de saudades de Krsna dos residentes de Vrndavana, especialmente de Radha e das Gopis. As escrituras explicam que o intenso êxtase espiritual, particularmente neste humor de separação da pessoa amada, produz transformações no corpo. Uma vez que Krsna não é diferente de Seu corpo, Seus sentimentos mais internos manifestaram-se externamente, e Ele assumiu a forma de Jagannatha.


O êxtase de mahabhava é comparado a um oceano. No passatempo com o rei Indradyumna, um gigantesco tronco boiava no oceano. Similarmente, as formas de Jagannatha, Balarama e Subhadra bóiam no oceano de mahabhava.Quando o sábio Narada viu Krsna transformado em Jagannatha, ele orou para que o Senhor aparecesse daquela forma novamente. Embora o Senhor não tenha nenhuma obrigação para com ninguém, Ele reciproca Seus devotos satisfazendo seus desejos. No Garga Samhita Krsna afirma (1.27.4): “Eu sou plenamente completo – todas as epopéias estão em mim. E mesmo assim eu Me rendo aos desejos de Meu devoto e apareço em qualquer forma que ele queira”. Assim, da mesma forma que Krsna aparece como Nila Madhava para satisfazer Vishvavasu, Ele aparece sob a forma da deidade de Jagannatha e reside em Jagannatha Puri para satisfazer o desejo de Narada Muni.Essa forma especial de Krsna também é conhecida como Patita Pavana, o salvador dos caídos, e todo aquele que tem Sua audiência com a devida consciência é presenteado com a liberação espiritual.


Embora Jagannatha seja comumente identificado como o Krsna de Dwaraka, no humor de opulência, Sua real – e confidencial – identidade é como o Krsna de Vrndavana, o amante de Radharani. O Jagannatha Chaitanyam afirma, “Radha permanece no coração do Senhor Jagannatha, e Krsna no coração de Radha”.Krsna é famoso por Seus relacionamentos, especialmente com os residentes de Vrndavana, e os devotos às vezes se referem ao Senhor Jagannatha nesse humor. Jagannatha é considerado o consorte de Radharani, que se associa com Krsna unicamente em Seu humor de Vrndavana. O êxtase resultante do amor de Krsna por Radharani é a causa de Sua transformação na forma de Jagannatha.O poeta da Orissa, Banamali, canta, “Ó Jagannatha, amado filho de criação de Yashodadevi, Sua Radha é como o passarinho chataka que bebe apenas as puras gotas de chuva, e Você chove com muita graça”. Em Vrndavana, Krsna assume a graciosa forma com três curvas corporais (tribanga-lalita) e usa uma pena de pavão e toca Sua flauta. O Jagannathashtakam (verso 2) identifica Jagannatha em tal humor: “Em sua mão esquerda, o Senhor Jagannatha segura uma flauta. Em Sua cabeça Ele usa uma pena de pavão e em Seus quadris Ele usa um fino tecido de seda amarelo. Pelo canto de Seus olhos, Ele olha de relance Seus amáveis devotos e sempre se revela através de Seus passatempos em Sua divina morada de Vrndavana. Que este Senhor Jagannatha seja o objeto de minha visão”.A poetiza Madhavi-devi, a irmã de Ramananda Raya, escreve em uma de suas canções: “Os tenros e doces versos do Sri Gita-govinda, trazendo o nome de Radha, se entrelaçam com as khanduas [peças de roupas usadas por Jagannatha todas as noites}, que o Senhor Jagannatha mantém bem próximas de Seus membros”.

O Chaitanya-Chaitanya explica que Krsna vem como Caitanya a fim de entender os sentimentos de Radharani. Durante o Rathayatra, Ele dança em êxtase perante o Senhor Jagannatha (Krsna) para chamar Sua atenção. Em resposta, Jagannatha O consola: “Eu nunca esqueci nenhuma gopi ou gopa, muito menos Você, Srimat Radhika. Como poderia eu esquecê-lA?”.Narada Muni revelou a Gopa-kumara no Brihad-bhagavatamrita (2.5.212–214): “Eternamente querida a Sri Krsnadeva, tanto quanto sua bela Mathura-dhama, é aquela Purushottama-kshetra. Lá, o Senhor não só exibe Sua opulência suprema, mas também encanta Seus devotos agindo como uma pessoa ordinária deste mundo. E se você continuar não estando plenamente satisfeito após chegar lá e vê-lO, então ao menos fique lá por algum tempo para conseguir sua meta desejada. É claro que sua meta última é amor puro pelos pés de lótus de Krsna, a vida e alma das divinas gopis – amor que segue o humor da própria Vraja-bhumi do Senhor. Você não está procurando por outra coisa”. Amor por Jagannatha é krishna-prema, amor por Krsna, que é nossa meta última. Krsna se tornou acessível a todos em sua forma como Jagannatha.


Uma vez que o Senhor Jagannatha não é outro senão Krsna, Sua morada é idêntica a Vrndavana, onde Krsna executa Seus passatempos infantis. Jagannatha Puri – também chamada Purushottama-kshetra, Sri Kshetra e Nilacala [o local da montanha azul] – contém todos os passatempos (lilas) de Krsna em Vrndavana, embora possam porventura estarem escondidos de olhos materiais. O Vaishnava-tantra afirma, “Qualquer lila de Krsna que é manifesta em Gokula, Mathura ou Dwaraka são encontradas em Nilacala, Sri Kshetra”.Através da apropriada visão espiritual – olhos untados por amor puro por Deus, krishna-prema – a pessoa pode ver todos os passatempos de Krsna ali presentes.Jagannatha não é ninguém senão a manifestação extática de Krsna que apareceu em Sua forma mais misericordiosa para ajudar-nos a voltar para casa, voltar ao Supremo. Por isso Srila Prabhupada introduziu o Ratha-yatra do Senhor Jagannatha em várias cidades ao redor do mundo, exatamente para retirar as almas condicionadas do feitiço de maya (ilusão). Tiremos todos, então, o máximo de benefício de tal evento.----------------------------------------------------------------------------Tradução por Bhagavan dasa (DvS)Fonte: Grupo Krishna-Katha (http://br.groups.yahoo.com/group/krishna-katha/)


Jagannatha significa “Senhor do Universo”. Vários livros Védicos mencionam que o Senhor Jagannatha é Krsna. Baladeva é Seu irmão, e Subhadra Sua irmã.Embora Krsna seja absoluto e transcendental a natureza material, para aceitar o serviço amoroso de Seus devotos, Ele aparece perante nós como a deidade no templo feita de pedra, metal, madeira ou pintura. Jagannatha é uma forma de Krsna manifestada em madeira.Porque o Senhor Jagannatha não se parece com Krsna, as pessoas talvez especulem “como Ele pode ser Krsna?”. As escrituras contam a história por trás da peculiar forma de Jagannatha.

Ó Senhor! Que reside em Puri
Que foi muito querido para Jaya Deva
O autor do Gita Govinda
Que reside em um dos quatro Dhamas
Silente adoração junto a Vós!
Fugiste na floresta após o canto de Radha
Quem cantou o Gita Govinda
Vós Sois o glorioso Vishnu
Vós Sois o único refúgio dos mortais
Vós residis no coração de todos os seres
Vossa Graça é invencível
Vós Sois o significado dos Vedas
Vós Sois tudo em todos
Vosso Nome Me salvou.
Eu obtive a Vossa Graça;
Pela espada da Vossa Graça
Eu cortei todos as minhas amarras.
Saudações Jagannatha!
ó Graça
Om Namo Kesavaya".
(Swami Sivananda)